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08-06-2011 13:49
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Plantas Medicinais

O potencial da nossa flora

Desde os tempos primitivos, o homem busca nas plantas a fonte de seu bem-estar, seja como alimento, vestuário ou medicamento. Nas plantas medicinais, ele encontrou a forma mais eficaz e econômica de curar as doenças. Sua aplicação se renova a cada dia, mas os cientistas alertam sobre o perigo do uso inadequado. Como qualquer medicamento, os fitoterápicos – medicamentos à base de plantas medicinais – devem ser consumidos somente com orientação médica. Por causa da extração predatória, muitas espécies estão desaparecendo e o mercado sente a falta da matéria-prima de qualidade. Por outro lado, resta muito a se descobrir. São inúmeras as espécies desconhecidas ou que ainda não foram analisadas pelos cientistas.
 

 


Couve-cravinho, uma das espécies estudadas pela equipe

Em Minas, as pesquisas não param. Um estudo das plantas medicinais cultivadas e coletadas no Estado acaba de ser concluído. O trabalho foi conduzido em oito instituições sediadas em Minas Gerais e contou com o apoio da FAPEMIG. A equipe coordenada pelo professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Vicente Wagner Casali, reuniu informações inéditas e preciosas sobre plantas medicinais mineiras. "O nosso objetivo era conhecer melhor as plantas mais comuns no Estado e buscar novas fontes dos princípios ativos mais importantes", conta o Prof. Casali. Uma das descobertas foi uma nova fonte para o estragol – princípio ativo da alfavaca cravo. Até então, só duas fontes de estragol eram conhecidas.

Os pesquisadores avaliaram não só a estrutura genética das plantas, mas também as condições ambientais em que são cultivadas e coletadas. Eles desenvolveram novas metodologias, técnicas de cultivo e de melhoramento genético, controle de qualidade da matéria-prima, análise de óleos essenciais e quantificação de rendimentos. O resultado é uma série de dados fundamentais para a indústria farmacêutica. Não se sabia, por exemplo, que quando a tanchagem é cultivada na sombra a produção de seus princípios ativos é maior. Ao contrário da capuchinha, que reduz a produção deácido erúcico ou óleo de Lorenzo, a medida em que aumenta o sombreamento. Os estudos comprovaram que a época e o horário da colheita também podem alterar a eficácia de certas espécies, como a couve-cravinho. Fonte de quatro princípios ativos diferentes, ela apresenta uma recomendação para cada situação. Seu teor de óleo essencial é maior nas colheitas matinais; de sabinocetona, é maior de junho a outubro; de Beta felandreno, de fevereiro a maio; e de tanino, na fase de floração. Assim, cada produtor realiza a colheita de acordo com o seu interesse.

 


Prof. Vicente Casali, pesquisador da UFV

O manjericão é outro exemplo de planta medicinal que se torna mais eficiente quando colhida de manhã. E a carqueja, assim como a couve-cravinho, produz mais tanino na fase de floração. Existem, ainda, plantas que possuem variabilidade química de acordo com as estações do ano. A negramina produz maior teor de óleo essencial no outono, enquanto o teor de friedelina da espinheira-santa é 50% maior no verão.

A variedade da planta é outro fator que influencia na produtividade do princípio ativo. Uma mesma espécie, cultivada e coletada nas mesmas condições ambientais pode apresentar diferentes quantidades de princípios ativos. Os pesquisadores descobriram, ainda, a linhagem ideal para a erva-tostão. Seu princípio ativo – a wedelolactona – serve para tratar distúrbios digestivos.

O guaco, muito utilizado no tratamento de doenças pulmonares, tem uma característica especial. Para produzir altos teores de cumarina, a planta é regada com preparos homeopáticos. Assim, a quantidade do princípio ativo torna-se 77% maior. "As plantas também podem ser tratadas com homeopatias", explica o Prof. Casali. Segundo o pesquisador, a irrigação, o espaçamento entre as plantas cultivadas, a altitude e a evaporação também têm forte influência na qualidade das plantas medicinais. Substâncias usadas contra a malária, por exemplo, devem ser produzidas em terras altas. É o caso do ácido clorogênico.

 


Estufa com plantas medicinais

Nova tecnologia de secagem

A secagem é mais um fator fundamental na qualidade da planta e uma dificuldade a mais para os produtores de plantas medicinais. Uma nova tecnologia, desenvolvida pelo Prof. Casali, vem sendo a solução, nas comunidades próximas a Viçosa: a câmara com desumidificador. Até então, os produtores secavam as plantas ao sol ou pagavam caro para utilizar secadores industriais.

"O desumidificador não é novidade. A inovação é a sua forma de uso", diz o pesquisador. Ele colocou um desumidificador comercial – com capacidade de 18 litros/dia em 280m3, circulação 600m3/h, motor 390 wats e 110 volts – em uma sala comum, com piso pouco permeável e parede de alvenaria e vedou as portas e janelas.

As plantas permanecem na câmara, até ficarem totalmente secas. O Prof. Casali ressalta que "a secagem ao sol dispersa o aroma e o princípio ativo da planta. Na câmara com desumidificador, isso não acontece, além de ser mais econômica que o secador industrial". Ele diz ainda que câmaras como essa vêm sendo utilizadas em programas pastorais de apoio social em Minas Gerais e no Espírito Santo.

 


Produtos à base de plantas medicinais

Defensivos naturais

O estudo coordenado pelo Prof. Casali resultou, também, no desenvolvimento de um produto natural para o controle de formigas cortadeiras. Nos testes em laboratório, o produto apresentou maior eficácia que o similar encontrado no mercado. A pesquisa foi conduzida na Millefolium Ervas e Temperos – empresa recém-graduada da incubadora da UFV – e contou com o apoio do Promitec/FAPEMIG (Programa de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Base Tecnológica). A Millefolium pretende iniciar a comercialização do produto até o final de 2002, quando serão concluídos os testes em campo. "Esse produto será de grande importância para nós, já que as maiores perdas na produção de plantas medicinais são causadas devido ao ataque de formigas", diz o engenheiro florestal Renato Ribeiro Mendes, sócio-proprietário da empresa.

Depois de três anos instalada na incubadora da UFV, a Millefolium ainda trabalha em parceria com a universidade. "Fazemos permuta com o Departamento de Fitotecnia. Eles nos cedem a área utilizada para o cultivo e, em troca, fornecemos sementes, mudas e plantas para os estudos de secagem, armazenamento e controle de qualidade", conta a consultora técnica da empresa, Débora Castellani.

 


Ervas secas

Na Millefolium, são cultivadas mais de 50 espécies de plantas medicinais e todo o processo é acompanhado por pesquisas. Para agregar valor às ervas secas, os produtos foram diversificados, incluindo extratos vegetais, produtos aromáticos e condimentos. O próximo passo será o lançamento da "linha pet": produtos cosméticos de uso veterinário.

Bibliografia publicada na REVISTA MINAS FAZ CIÊNCIA.